Asa branca é o nome de um dos clássicos da música brasileira, imortalizada pelo grande mestre Luiz Gonzaga, que na última semana, se ainda estivesse entre nós, teria completado 100 anos. Foi um grande artista, que conseguiu ultrapassar todas as barreiras existentes e fez sua música ecoar através do tempo. 

Gonzagão conseguiu, o que ninguém mais pode fazer em sua época, ele conseguiu dar destaque à cultura popular, através de sua música. Até a primeira metade do século passado, o Brasil seguia os moldes da cultura europeia, não valoriza nenhuma arte que fosse genuinamente brasileira. Após a semana de 22 esse quadro começou a mudar, e então surgiu Luiz Gonzaga e sua sanfona, tocando xote, forró e xaxado. Usando seus trajes típicos nordestinos e cantando as belezas e agruras de sua terra e seu povo. 

Quem nunca ouviu a triste história do Assum Preto, que teve um olhos furado para que seu canto ficasse ainda mais bonito? E o xote da menina que só queria namorar? Ou a comparação entre a dor de um amor perdido com o amargor do jiló? E o grande sucesso que foi o registro definitivo de sua reconciliação com seu filho Gonzaguinha – outro talento de nossa MPB – “minha vida é andar por esse país/ pra ver se um dia descanso feliz”. 

Foram tantas letras e músicas maravilhosas que mesmo após 23 anos de sua partida, suas músicas ainda são cantadas, o artista continua sendo homenageado e seu centenário muito comemorado. 

Creio que assim podemos medir o valor e a qualidade de um artista e sua obra, esse reconhecimento que ele recebeu em vida, continua recebendo postumamente, continua sendo cantado por grandes artistas que o conheceram e por muitos que sequer tinham nascido quando ele partiu. 

O que será que nossas gerações futuras irão reverenciar como sucesso do passado? Continuarão com Gonzagão? Espero que sim, pois o que tenho visto de novo não apresenta promessas de qualidade e tão pouco de longevidade.