22 de março de 2013

A arte de seduzir pela amizade

Quando criança, aposto que muitos aqui presenciaram uma reunião de mãe, tias, avós e vizinhas a discutirem os mais variados assuntos, desde os problemas familiares (algo como: “- Olha o que a Maria tá passando na mão do Juvenal, tá fácil pra ela não, amiga!), e entre outras tantas... as novelas (a mocinha sempre é criticada por não sentar a mão na cara da vilã), o clima (nunca chove, né? Mas quando vem chuva, vixi!), a cidade em si, e receitas, das mais variadas e com várias formas de se fazê-las (se for na forma redonda, leva meia hora, mas se for na quadrada, no mínimo 45 minutos!; não deixa ninguém por a mão não, senão desanda!) 

Mas o mais curioso era observar a cerimônia em si: o ato de contar, de falar. As expressões, os vestidos, as cadeiras reunidas, os cheiros, o café saindo fresquinho e a pasmaceira de uma tarde quente, esperando que se cumpra mais um dia nessa jornada tranquila e feliz. 

Mas, há esqueletos nos armários e muita coisa fica subjetiva, escondida. É assim quando iniciamos uma das mais prazerosas, divertidas e sensíveis jornadas da história do cinema: Tomates Verdes Fritos (Fried Green Tomatoes At The Whistle Stop Cafe) começa angustiante: Evelyn é uma dona de casa que não é notada por seu marido (e ela se esforça MUITO para isso!), afoga suas mágoas comendo doces. Semanalmente, vão visitar a tia de seu marido, internada em um hospital. A tia nunca permite que Evelyn entre no quarto. Sentada na sala de espera (comendo vários chocolates), Evelyn se surpreende com a chegada de Ninny, uma simpática senhora de 83 anos que aceita um dos chocolates de Evelyn e começa, ali, narrar a história de uma bela e inesquecível amizade: a de Idge e Ruth e todas as pessoas que gravitam em torno de duas forças da natureza. Enquanto as semanas sucedem-se, Evelyn descobre dentro de si, por conta dessa amizade com Ninny e dessas histórias de Idge e Ruth, a força que precisa para dar uma guinada em sua vida. 

- TAWANDA!!!! – grita Evelyn, aliás, não grita: explode numa atitude surpreendente de felicidade e liberdade transformadora. 

Transformados ficamos nós também, levados há um tempo em que não nos preocupávamos com o futuro. Queríamos apenas ouvir as conversas, sentir o cheiro de café e bolo, correr e brincar, sem perceber, ali, que tudo estava se transformando, que nada volta e que, por mais que possamos tentar nos livrar de certas passagens e acontecimentos, existe algo dentro de nós que não se apaga: a vida! 

Tomates verdes fritos é um prato típico do sul dos Estados Unidos. Também é o prato principal servido no Whistle Stop Café onde Idge e Ruth servem toda a população, pobres e negros, o que desperta grande desconfiança e ódio de muitos (a história passa-se em 1930, imaginem!). 

Façam um bom café, um bolo de fubá ou coco reúnam as comadres, e deixem as crianças sempre por perto: uma delas levará essas lembranças, e perpetuará a memória ficada pra trás numa tarde quente e agradável. 

Receita de tomates verdes fritos: 
4 tomates 
2 ovos batidos 
1/2 xícara (chá) de leite 
1 xícara (chá) de farinha de trigo 
1/2 xícara (chá) de fubá 
1/2 xícara (chá) de farinha de rosca 
2 colheres (chá) de sal 
1/2 colher (chá) de pimenta-do-reino branca 

Corte os tomates em fatias, da largura de um dedo. Num prato, misture os ovos e o leite. Em outro prato misture a farinha de rosca e o fubá, temperando com sal e pimenta. 

Passe o tomate na farinha de trigo, depois, nos ovos com leite e passe na farinha de rosca com fubá. 

Frite em óleo quente até dourar. 



Trailer do filme: 


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