Em 14 de agosto de 1986, falecia aos 92 anos, na bela cidade de Salvador, Maria Escolástica da Conceição Nazaré, Mãe Menininha do Gantois, a Yalorixá mais famosa e respeitada que o Brasil já teve.

A posição no Candomblé herdou aos 8 anos de idade de sua avó, por isso talvez tenha sido chamada de Mãe Menininha, mas obviamente, ela teve que ser preparada para assumir tamanha responsabilidade, o que só acorreu aos 28 anos, após a confirmação de sua escolha pelos Orixás.

Mulher franzina e de poucas letras, teve grande importância na luta contra a intolerância religiosa. As religiões de origem africana sempre foram perseguidas, chegando mesmo a existir leis que a proibissem. Mãe menininha dialogou com autoridades policiais e religiosas pela liberdade de sua crença. Chegou a conseguir permissão das autoridades católicas para que ela e todas as mulheres que quisessem, pudessem assistir as missas vestidas em trajes tradicionais das religiões de matrizes africana.

Atendia a todos sem distinção, mas sempre foi público que muitas pessoas famosas frequentavam seu terreiro, como políticos, artistas e personalidades da sociedade. Essa sua atuação, sempre discreta e sem nenhum tipo de preconceito, ajudou muito na superação das barreiras contra a cultura negra. O preconceito ainda existe, ainda vemos muitas barbaridades sendo ditas e realizadas, mas estamos aqui para continuar o legado dessa brava guerreira filha de Oxum, enviada por Olorum para uma missão tão forte quanto bela: defender um povo que muito sofreu sob a chibata de seus senhores, defender o direito que é exercido por todos os povos de cultuar seus ancestrais e louvar seus deuses.

Por isso ela foi respeitada, amada e muito admirada. Em uma bela homenagem a ela, Dorival Caymmi escreveu uma canção singela, que foi imortalizada pelas vozes maravilhosas de Gal e Bethania. Todos nós, filhos pretos dessa terra tão amada, temos muito a lhe agradecer e acima de tudo, de seguir seu belo exemplo. Asé Mãe Menininha, Ora yê yê ô!