Estamos vivendo tempos hostis. Ouvi muito essa frase e pensava que não passava de uma brincadeira entre amigos. Mas olho à minha volta e me preocupo muito, pois a violência banal nos cerca a todo instante.

Um homem encerrava o dia em seu estabelecimento comercial, foi assaltado e “sem querer” o assaltante lhe acertou um tiro à queima roupa. Outro errou o caminho para casa e teve seu carro alvejado por traficantes. Em seu ambiente de trabalho, uma dentista foi covardemente queimada viva, porque só tinha trinta reais, e dias depois, um outro dentista sofreu o mesmo destino cruel. Por uma demora na entrega de uma pizza, um homem brigou e o resultado foi que o dono da pizzaria acertou sua filha com um tiro mortal.

A vida humana tornou-se alguma coisinha qualquer sem importância. Hoje, as pessoas afirmam batendo no peito que não levam desaforo para casa, que revidam imediatamente na mesma moeda a qualquer tipo de ofensa ou injúria. 

Não digo que devemos ser passivos, que devamos aceitar tudo de cabeça baixa, mas precisamos ponderar antes de responder, afinal o que é melhor: levar um desaforo para casa ou voltar em um caixão ou mandar alguém assim para sua casa?

Devemos sempre pensar e filtrar bem nossas palavras e ações, em relação ao nosso próximo e principalmente aos estranhos. Sei que é difícil, às vezes me irrito com a demora no atendimento em um determinado estabelecimento comercial, outras vezes acredito que fui mal atendida e isso me deixa profundamente irritada, ao ponto de me ver socando o ou a responsável por esse atendimento. Então respiro fundo, conto e reconto até mil, chego até mesmo a fazer uma oração pedindo por paciência e pelas palavras certas para conduzir a situação.

Estou longe, muito longe mesmo de ser um espírito evoluído, mas tenho refletido muito sobre essas situações, em que um esbarrão acaba em assassinato. Devemos oferecer aos que estão à nossa volta o mesmo respeito e amor que queremos receber, para que os tempos voltem a ser felizes.