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19 de abril de 2012

Angélica

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Uma das grandes personalidades que pode ser destacada na história do Brasil é Zuzu Angel. Até o inicio dos anos 60, ela era uma dona de casa, mãe e costureira de grande sucesso. Mas em um determinado momento, sua vida foi abalada pela prisão de seu filho e sua nora. O jovem casal estava envolvido no movimento de resistência à ditadura militar. Na prisão, Stuart desapareceu e então sua mãe deu inicio a uma batalha individual para localizar seu filho.

Devido a brutalidade das torturas sofridas, Stuart Angel morreu, mas as autoridades tentaram mascarar o fato. Zuzu não seu deu por vencida, tinha bons relacionamentos e por isso chegou a ser atendida pelo alto comando do exército, que continuava tentando omitir a morte se seu filho. Ela foi à imprensa nacional e internacional, ao congresso e às ruas. Num período em que as pessoas temiam até mesmo pensar, ela passou a denunciar as atrocidades realizadas nos quartéis com os presos políticos.

O pai de Stuart era americano, por isso ela conseguiu apoio de várias instituições e autoridades americanas. Uma das formas que ela encontrou para denunciar foi a de utilizar estampas com motivos militares – tanques de guerra, armas e figuras semelhantes – em uma de suas coleções. O desfile realizado nos EUA teve uma grande repercussão. Ela soube o que aconteceu ao seu filho através de uma carta anônima, de alguém que esteve preso no mesmo quartel em que Stuart ficou. O relato anônimo descrevia desde as surras, choques elétricos e pau-de-arara, até o horror de terem arrastado o corpo do jovem amarrado na traseira de um carro após ter sido obrigado a ingerir fumaça de escapamento. Chico Buarque e Milton Nascimento citaram isso na música Cálice: “quero cheirar fumaça de óleo diesel, me embriagar até que alguém me esqueça”.

Zuzu foi perseguida por sua coragem, morreu em um misterioso acidente de trânsito. Ela é um dos símbolos da luta contra a violenta opressão que o regime militar aplicou contra os seus opositores. Não fazia parte de nenhum movimento de resistência organizado, ela estava incluída naquela parte da sociedade que estava alheia ao que acontecia. Até o momento em que sua família foi atingida, e sua dor motivou sua luta.

Mais uma vez Chico Buarque, dessa vez em parceria com Miltinho, escreveu uma canção, que eu sempre a achei muito triste, que só a entendi quando conheci a história dessa mãe, que deu sua vida em busca de seu filho. “Quem é essa mulher/ que canta sempre esse estribilho?/ Só queria embalar meu filho/ que mora na escuridão do mar... só queria lembrar o tormento/ que fez meu filho suspirar... só queria agasalhar meu anjo/ e deixar seu corpo descansar”.

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