A Flor da Pele

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Toda segunda-feira é a mesma coisa, os noticiários ficam carregados de notícias sobre trágicos acidentes de trânsito, e de suas tristes conseqüências. Não que estes não ocorram durante os dias úteis da semana, mas é no final de semana que as melhores festas acontecem, tem os churrascos de família e festas de comemoração de aniversário por exemplo. A maior parte desses acidentes acontece porque ao menos um dos lados envolvidos abusou um pouco da bebida alcoólica.

Outra notícia de segunda de manhã: brigas em boates, que geralmente são narrativas de atos de extrema covardia, em que um grupo de pessoas “saradas” atacou violentamente uma pessoa indefesa, sendo que quando a vítima sobrevive pode ficar com seqüelas para o resto da vida. Brigas no trânsito e entre vizinhos também são noticiadas, nesse fim de semana um bebê de dez meses foi assassinado por um vizinho que não gostou que o pai da menininha tivesse reclamado do som alto produzido em seu bar.

O fim de semana, que sempre gerou uma expectativa feliz pelo descanso e lazer, agora provoca medo, o que será que está por vir? Quais tragédias viveremos nesses dois dias que deveriam ser apenas de descanso e prazer?

Lembro-me bem que quando eu era criança, o fim de semana era lúdico. Para mim esses dias tinham cores como o arco-íris, pois sempre eram dias de alegria. Não que não acontecessem acidentes e brigas. Mas vivíamos em outros tempos, em que o ser humano era mais tolerante, em que os pais eram mais rigorosos com seus filhos que quando conseguiam permissão para sair com os amigos, tinham horário certo para chegar em casa e respeitavam isso. Bebidas alcoólicas então nem pensar, isso se não estivesse de castigo por ter tirado uma nota baixa ou ter tido um mau comportamento na escola.

Até parece que falo de anos-luz passados, nem tanto, sou do século passado mas ainda nem completei meio de vida. A intolerância e a violência estão a flor da pele e então me pergunto: como estaremos daqui há dez anos? Quem sobreviver poderá responder.