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5 de abril de 2012

Cálice

31 de março de 1964: inicio ao período da ditadura militar no Brasil. Há quem chame isso de golpe militar e há quem o chame de revolução, são os dois lados da história, cada um com sua versão.

Independentemente das versões alguns fatos são inegáveis: entre 1964 e 1985 a sociedade brasileira foi totalmente cerceada de sua liberdade de expressão; houve tortura, mortes e desaparecimentos de pessoas que contestavam o regime imposto. Também houve ações violentas por parte da oposição, com seqüestros e assaltos a bancos, mas acima de tudo houve uma resistência intelectual muito forte, mas que infelizmente foi massacrada.

A censura cerceava o direito de todos de ir, vir, agir, pensar e principalmente se expressar. Quando digo todos, me refiro àqueles que heroicamente lutaram contra tais imposições, pois muitos compactuaram com elas ou pior, alienaram-se, fingindo que nada acontecia.

Não há como precisar qual setor de nossa sociedade foi mais censurado: a imprensa não podia divulgar o que acontecia, por resistirem, muitos jornalistas foram perseguidos, Vladimir Herzog é um dos maiores exemplos, ele foi morto durante uma sessão de tortura e na tentativa de ocultar o crime, foi divulgado que ele havia se suicidado. Em muitas redações havia a presença funesta de um censor que tinha o poder de liberar ou vetar qualquer matéria. Em uma ação de protesto e denúncia, um grande jornal de São Paulo, publicava receitas culinárias no espaço da notícia censurada.

As artes também sofreram muito, centenas de músicas foram censuradas, ou com corte de partes de sua letra ou com sua proibição total. Peças de teatro, shows, novelas, livros e filmes sofriam com a malfadada tesoura da censura. A ordem geral era calar os protestos, para tanto, sufocaram a educação. O esvaziamento na qualidade de ensino foi tão forte, que hoje sentimos o resultado. Somos uma população despreparada para pensar, questionar e avaliar. As forças ditatoriais conseguiram calar muitas vozes, mas já é momento de libertá-las!


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