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Hoje, vasculhando a memória, revivi minhas lembranças sobre os terríveis dias da ditadura militar no Brasil. Quando criança, na década de 70 do último século, eu não tinha a menor idéia do que estava acontecendo. Aprendi desde muito cedo a ter medo da polícia e todo tipo de farda, não era exatamente um medo que eu deveria sentir, e sim respeito. Mas tudo era tão forçado, que o medo foi maior que o tal respeito.
Lembro-me dos tons baixos e misteriosos, conversas em código entre os adultos. Não que tivessem algum tipo de envolvimento com um dos lados (governo ou oposição), ao contrário, mantinham-se alheios ao que acontecia. Por isso, quando era necessário falar alguma coisa sobre o tema, usavam os sussurros e códigos, justamente para não se envolverem.
Outra lembrança que tenho é a da escola, assim que comecei a estudar aprendi a cantar “Esse é o país que vai frente” e “Eu te amo meu Brasil”, um dia ganhei um cata-vento na escola, fiquei tão feliz, brinquei muito com ele, sem tem a menor noção de que tudo aquilo fazia parte de um processo de manipulação e doutrinação.
Minha geração não foi preparada para pensar e muito menos questionar. Devíamos aceitar o que nos era dito sem a mínima reserva. Evitar o perigo que aqueles baderneiros questionadores e comunistas representavam. Ah esses comunistas que comiam criancinhas no café da manhã e doces vovozinhas no café da tarde! Nunca fui comunista, e não estou aqui para defender ou acusar, mas muitos exageros foram espalhados para denegrir a imagem dos opositores.
Ainda há muito que dizer sobre esse período de 1964-1985, parte fundamental de nossa história, que explicará muito de nossa história atual. Uma sociedade passiva diante de tantos desmandos, de tanta corrupção, violência, descaso com educação e saúde, e tantas outras mazelas que vivemos. Precisamos parar de simplesmente procurar os culpados e partir para as soluções. A ditadura militar acabou, mas ainda vivemos suas conseqüências, sem esquecê-las precisamos superá-las!
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